
Caminhos de força e esperança, do Haiti ao Brasil
Imigrante conta dos desafios e alegrias de sua jornada
Seu nome é Guivena Louis, ela tem 34 anos e mora no Jardim Guanabara, em Goiânia. Sua primeira vez no Brasil foi em Outubro de 2016, quando se mudou para o país. Originalmente do Haiti, Guivena faz parte dos 40.026 haitianos e haitianas que se registraram na polícia federal no ano de 2016. Sua jornada do Haiti ao Brasil encontra eco em tantos outros compatriotas que migraram para o país na última década.
Dados do relatório completo de 2016 do portal de imigração apontam que, nos cinco anos anteriores à chegada de Guivena ao Brasil (2011-2015), foram 51.124 autorizações emitidas, pelo conselho nacional de imigração, a pessoas vindas da República do Haiti. Da quantidade total de autorizações emitidas nesse período para pessoas de todas nacionalidades, o número de migrações haitianas supera os 87%.
O Haiti lidera o número de pedidos de refúgio e de imigrantes registrados no Brasil, na última década. Em Janeiro de 2010, um terremoto no Haiti deixou cerca de 300 mil vítimas fatais e mais de 1,5 milhão de pessoas desabrigadas. Após o desastre, seguiu-se uma seca de três anos advinda do fenômeno de correntes marinhas “ El Niño” e, em 2016, o Haiti foi atingido pelo furacão Matthew. Após as tragédias ambientais, as situações política e econômica, já delicadas no país, são agravadas. Como consequência, a emigração haitiana toma maiores proporções.
Contando sobre sua saída do Haiti, Guivena afirma: “Eu venho aqui para o Brasil, país estrangeiro, para melhorar a vida, buscar uma oportunidade né?”. Hoje, Guivena é estudante bolsista de Direito numa faculdade perto de casa. Ela segue contando que trocou a medicina, curso que fazia no Haiti, pelo Direito aqui no Brasil e conclui “ Eu sou muito feliz, porque aquilo que eu estava planejando vir aqui fazer, que era estudar, Deus está me dando essa oportunidade”.
Questionada sobre as dificuldades que encontrou em sua jornada, Guivena fala de sua filha, ainda muito pequena e que necessita de cuidados especiais. Hammashiah nasceu com hidrocefalia e malformação na coluna. Ainda nos primeiros meses de vida a criança já passou por vários procedimentos cirúrgicos. A estudante conta, “Quero trabalhar mas por conta da nenê não posso”. Morando apenas com a filha, Guivena não pode se ausentar por muito tempo, o que torna uma oportunidade de emprego fora da realidade.
Parte principal da renda da família vem do benefício de prestação continuada (BPC) que é a garantia constitucional de benefício no valor de um salário mínimo à pessoas com deficiência. O dinheiro vindo do INSS é destinado à filha de Guivena e o complemento da renda da família vem de doações.
Apesar das dificuldades relatadas, quando perguntada sobre expectativas para o futuro, a estudante revela interesse numa segunda graduação, seu desejo é estudar Letras na UFG. “Minha jornada do Haiti pro Brasil não tá fácil, mas eu agradeço por tudo que Deus tá fazendo para mim, e pelas pessoas que Deus coloca no meu caminho” finaliza Guivena.
Categorias: notícias