Fotografia da tela do youtube durante a transmissão da mesa

Aula aberta discute narrativas de migração e refúgio no Brasil

O debate “Sociedade, discursos e narrativas sobre refúgio e migração”, trouxe reflexões sobre pessoas em condição de refúgio no Brasil.

Texto: Heloisa Sousa

Imagem: Reprodução do YouTube

 

O canal oficial no Youtube da Universidade Federal de Goiás, regional Goiás, transmitiu no último dia 12 de abril, a aula aberta “Sociedade, discursos e narrativas sobre refúgio e migração”. A aula foi organizada em conjunto pelos Grupo de Pesquisa Arquitetura Resiliente, representado pela professora Suzete Bessa, pelo Grupo Mutamba e pela Cátedra Sérgio Vieira de Melo (CSVM), contando com estudantes, docentes e técnicos das faculdades de arquitetura e urbanismo, direito, odontologia e ciências sociais da UFG.

A mesa foi mediada pela professora Dra. Maria Carolina Motta na UFG Regional Goiás e membro do Grupo de Pesquisa Mutamba, e se iniciou com a fala de Carolina Hissa, pesquisadora da CSVM. Ela trouxe em sua exposição a questão do deslocamento de refugiados venezuelanos para o Brasil, que aumenta a cada ano, e o desenvolvimento de políticas públicas para a área.

Carolina falou também sobre a importância do reconhecimento da cidadania no contexto de refúgio “Comumente os Estados, no exercício de sua soberania, não se concentram nesse tipo de reconhecimento. De que os indivíduos pertencem a uma comunidade universal, moral e única, que independe do seu local de território e acabam por criar um regramento que muitas vezes marginaliza essas pessoas”.

Dando seguimento, Giuliano Castro, coordenador de ensino da CSVM e mestre em linguística, falou da importância da aprendizagem da língua portuguesa como ponte para a inserção social e sentimento de pertencimento. Dessa forma, o ensino da língua portuguesa para pessoas em situação de refúgio deve ser pensado pelos educadores para além da gramática, mas como prática social.

“Nesse sentido, o ensino de português como língua de acolhimento é diferente do ensino de português como língua materna na sala de aula para brasileiros e é muito diferente do ensino de língua estrangeira como se concebe na maioria dos contextos”, continua Giuliano. Segundo ele, a linguagem deve ser ensinada no sentido de acolhimento e imersão na nova realidade ao qual a pessoa refugiada se encontra, sem a negação de suas raízes.

O professor e coordenador geral da CSVM, João Roriz, deu continuidade à aula trazendo uma reflexão sobre a contradição entre o estímulo de certos tipos de migração, como o turismo, para alguns e o completo impedimento para outros, no caso dos refugiados. Segundo ele, esse controle de quem é bem-vindo ou não nos diversos territórios é um fenômeno recente na história humana e é resultado da construção das fronteiras nacionais.

Por meio de uma contextualização histórica, o professor fala ainda da construção da narrativa da pessoa não pertencente, do estrangeiro como inimigo e a consequente criação de órgãos responsáveis por regulamentar a situação de refúgio e o conceito de refugiado. Falou ainda do nascimento da Cátedra Sérgio Vieira de Mello na UFG e da pesquisa sendo desenvolvida pela cátedra para obter e organizar mais dados sobre refúgio no estado de Goiás, mais especificamente dos refugiados venezuelanos na capital goiana.

A discussão foi marcada pela necessidade de se pensar e desenvolver políticas públicas pelo Estado que não sejam apenas assistencialistas, mas que deem espaço para que as pessoas refugiadas demandem suas próprias necessidades, como afirmou no início Carolina Hissa. E, além disso, do papel da universidade como espaço para trazer o debate sobre essa temática e a unificação das diversas áreas de conhecimento no desenvolvimento dessas políticas públicas de acolhimento e efetivação de direitos.

 

Assista a aula na íntegra pelo link https://youtu.be/gUPLst5HJQM

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