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Refugiados que vivem no Alto Tietê contam como recomeçaram a vida longe da terra natal

De acordo com o Conare, 780 pessoas em condições de refugiados moram na região. Nesta segunda (20), é celebrado o Dia Mundial do Refugiado.

Por Janaina Rodrigues e Caynan Ferreira, Diário TV 1ª Edição

 

Um refugiado tem muitas histórias para contar. Relatos que misturam sofrimento, esperança e recomeço. Famílias que se unem para reconhecer como irmãos, pessoas de outra nação.

Em fotos, Mahmoud Almadani, a irmã e a mãe estão no Brasil aproveitando o tempo livre para passear. Mas a realidade deles não foi sempre assim. A família é da Palestina, viveu como refugiada na Síria.

“Eu morava na Síria num bairro de palestinos, de refugiados palestinos em Damasco, onde teve a maior confusão na guerra na Síria. Então, a gente ficou vários dias, vários meses sem energia, sem água e só embaixo das bombas. Aí a gente acabou ficando lá se protegendo, até o momento que acalmaram, fizeram acordo para a gente sair. Desde lá eu sai, fui fugindo para o outro país vizinho, que era o Líbano e eu fiquei alguns anos lá no Líbano. Depois eu peguei o visto humanitário, que era liberado para os refugiados para vir para cá, para o Brasil”, conta o Mahmoud.


Ele veio para a região do Alto Tietê em 2015. Como chegou jovem, ele se adaptou bem. Mogi das Cruzes também tem uma comunidade muçulmana grande. Com a ajuda de ONGs e de amigos, a família conseguiu regularizar a situação no Brasil. Atualmente ele trabalha em um hospital da cidade como intérprete e auxiliar administrativo.

“Hoje em dia, eu trabalho em outra empresa, num hospital, na verdade, como intérprete de língua árabe português. Quando vêm pacientes que não falam português aí eu entro no meio e entre o médico e o paciente. E eu trabalho também como assistente administrativo no mesmo lugar”.

A venezuelana Glenys Olmedo (à direita) e a família recomeçam a vida no Alto Tietê. — Foto: TV Diário/Reprodução
A venezuelana Glenys Olmedo (à direita) e a família recomeçam a vida no Alto Tietê. — Foto: TV Diário/Reprodução


Ele também fala sobre o tratamento que ele e sua família recebe no país. “Aqui a minha mãe consegue andar na rua de boa. A gente consegue, por exemplo, entrar nos lugares, a gente consegue passear igual qualquer um, igual como você estar no seu país. As pessoas são acolhidas, eles não dão diferença, que você, por exemplo, ‘você é refugiado, você é muçulmano, você é árabe’. Então, a gente não tem essa dificuldade, a gente não tem esse sofrimento”, explica.

Nesta segunda-feira (20), é celebrado o Dia Mundial do Refugiado. Segundo os últimos dados do Comitê Nacional para os Refugiados, no final de 2020 havia 57.099 pessoas refugiadas reconhecidas pelo Brasil.

Apenas em 2020, foram feitas 28.899 solicitações da condição de refugiado. O comitê reconheceu 26.577 pessoas de diversas nacionalidades. Tanto os homens (50,3%) quanto as mulheres (44,3%) refugiadas estão em grande parte na faixa de 25 a 39 anos de idade.

A nacionalidade com maior número de pessoas refugiadas reconhecidas, entre 2011 e 2020, é a venezuelana - 46.412 pessoas -, seguida dos sírios - 3.594 - e congoleses - 1.050 pessoas.

A aposentada Glenys Olmedo veio da Venezuela para o Brasil em 2018. Ela achou que só viria para o casamento do filho e voltaria para o país de origem, mas a situação lá estava tão difícil que, quando voltou, não conseguia nem comprar comida direito. A opção foi morar no Brasil.


“Saí fugindo pela situação econômica. A comida [estava] muito cara. No tempo que eu saí [da Venezuela], havia comida, mas não conseguia dinheiro para comprar. Depois mudaram as coisas, depois havia dinheiro mas não havia comida. Assim, foi muito complicado”, disse a aposentada.

Os únicos objetos que trouxe de lá são bolívares, que ela disse que nem valem mais nada na Venezuela. A filha, o genro e os netos também vieram da Venezuela para viver no Brasil. Aqui, encontraram muita ajuda e atualmente conseguem seguir em frente.

“É muito difícil a diferença, começando com o idioma, o clima, muito frio, para mim. Todas as comidas. É uma vida totalmente diferente. Mas a gente tem que se adaptar. Eu passei quase um mês chorando, porque eu queria voltar para a minha casa, se queixando por tudo. Até que chegou o momento: ‘para que reclamar se isso foi o que aconteceu?’. Isso é o que tem que resolver. Então, agora dou graças a Deus porque estou bem, estou viva, estou com minha família. E dou muitas graças a Deus e ao Brasil por toda esta ajuda que nós estamos recebendo”, disse Glenys.

Fonte: G 1

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